O diabetes é uma das condições crônicas mais prevalentes no mundo, afetando milhões de pessoas de diferentes idades e origens. Trata-se de uma doença metabólica caracterizada pela elevação dos níveis de glicose (açúcar) no sangue devido a problemas na produção ou ação da insulina, um hormônio essencial para o metabolismo da glicose. Neste artigo, vamos explorar em profundidade o que é o diabetes, como ele se desenvolve, seus fatores de risco, tratamentos disponíveis e as inovações científicas no campo.
O Que É o Diabetes?
O diabetes é uma condição crônica que ocorre quando o corpo não consegue produzir insulina suficiente ou não utiliza a insulina de maneira eficaz. A insulina é produzida pelo pâncreas e atua como uma “chave” que permite que a glicose entre nas células, onde é utilizada como fonte de energia. Quando esse processo falha, a glicose se acumula na corrente sanguínea, levando a uma série de problemas de saúde. Existem três tipos principais de diabetes, cada um com características distintas:
- Diabetes Tipo 1: Uma condição autoimune em que o sistema imunológico ataca as células beta do pâncreas, que produzem insulina. Geralmente diagnosticado na infância ou adolescência, é menos comum, representando cerca de 5% a 10% dos casos.
- Diabetes Tipo 2: O tipo mais comum, responsável por 90% a 95% dos casos, geralmente associado a fatores como obesidade, estilo de vida sedentário e resistência à insulina. Neste tipo, o corpo não utiliza a insulina de forma eficaz.
- Diabetes Gestacional: Desenvolve-se durante a gravidez em mulheres sem diagnóstico prévio de diabetes. Pode aumentar o risco de complicações para a mãe e o bebê, mas geralmente desaparece após o parto.
Além desses, existem formas raras, como o diabetes MODY (Maturity-Onset Diabetes of the Young), de origem genética, e o diabetes secundário, causado por doenças como pancreatite ou uso prolongado de corticosteroides. (Daremos mais detalhes abaixo).
Como o Diabetes se Desenvolve?

O diabetes se manifesta quando há um desequilíbrio na regulação da glicose no sangue. No caso do diabetes tipo 1, o ataque autoimune destrói as células produtoras de insulina, levando à ausência total do hormônio.
Já no tipo 2, o quadro é progressivo. Primeiro, as células desenvolvem resistência à insulina, forçando o pâncreas a produzir mais hormônio. Com o tempo, essa sobrecarga desgasta as células beta, reduzindo a produção e elevando a glicemia. A gordura visceral, comum em pessoas obesas, libera substâncias inflamatórias que agravam essa resistência.
O diabetes gestacional ocorre quando hormônios placentários aumentam a resistência à insulina para priorizar o suprimento de energia ao feto.

Como se Desenvolve as Formas Raras de Diabetes
Além dos tipos principais, existem formas raras de diabetes que merecem destaque devido às suas particularidades:
Diabetes MODY (Maturity-Onset Diabetes of the Young)
Uma forma monogênica, causada por mutações em genes específicos que afetam a produção ou função da insulina. Diferente do tipo 1, não é autoimune, e, ao contrário do tipo 2, ocorre em pessoas jovens, geralmente antes dos 25 anos, sem relação com obesidade. Representa 1% a 2% dos casos de diabetes. Os subtipos mais comuns são o MODY 2 (mutação no gene GCK, com hiperglicemia leve) e o MODY 3 (mutação no gene HNF1A, que pode exigir sulfonilureias). Diagnóstico preciso requer teste genético, pois é frequentemente confundido com tipo 1 ou 2.
Mais informações em: (https://www.diabetes.org.uk/diabetes-the-basics/other-types-of-diabetes/mody).
Diabetes Secundário
Resulta de condições ou tratamentos que danificam o pâncreas ou interferem na ação da insulina. Exemplos incluem pancreatite crônica, fibrose cística, hemocromatose (acúmulo de ferro no pâncreas) e uso prolongado de corticosteroides. Diferente dos tipos primários, o foco do tratamento é abordar a causa subjacente, além de controlar a glicemia.
Fatores de Risco do Diabetes
Os fatores de risco variam entre os tipos de diabetes:
- Diabetes Tipo 1: Histórico familiar, predisposição genética e fatores ambientais como exposição a vírus.
- Diabetes Tipo 2:
- Obesidade e sobrepeso.
- Sedentarismo.
- Alimentação rica em açúcares e gorduras saturadas.
- Histórico familiar de diabetes.
- Idade avançada.
- Síndrome metabólica.
- Diabetes Gestacional: Histórico de diabetes na família, excesso de peso antes da gravidez e idade materna superior a 25 anos.
A OMS relata que, em 2021, 537 milhões de adultos tinham diabetes, com projeção de 643 milhões até 2030.
Sintomas Comuns do Diabetes
Os principais sinais de alerta incluem:
- Sede excessiva (polidipsia);
- Urinação frequente (poliúria);
- Fome intensa (polifagia);
- Perda de peso inexplicada;
- Fadiga;
- Visão embaçada;
- Infecções frequentes;
- Formigamento ou dormência nas extremidades (neuropatia diabética);
- Cicatrização lenta de feridas;
- Manchas escuras na pele (acantose nigricante);
- Mudanças no humor ou irritabilidade;
- Dores de cabeça frequentes;
- Perda de massa muscular;
Em Casos Mais Graves
Podem ocorrer complicações que afetam diversos órgãos e sistemas do corpo, incluindo:
Cetoacidose Diabética (CAD)
Uma condição perigosa que ocorre principalmente no diabetes tipo 1, onde a falta de insulina leva o corpo a usar gordura como fonte de energia, resultando na produção de cetonas. Altos níveis de cetonas podem acidificar o sangue, causando sintomas como náuseas, vômitos, confusão mental e, em casos extremos, coma.
Síndrome Hiperosmolar Hiperglicêmica (SHH)
Mais comum no diabetes tipo 2, ocorre quando os níveis de glicose no sangue sobem a níveis extremamente altos, causando desidratação severa e confusão mental. Sem tratamento, pode levar ao coma ou morte.
Doenças Cardiovasculares
Diabetes mal controlado aumenta significativamente o risco de infartos, derrames e outras doenças cardiovasculares devido ao impacto negativo no sistema circulatório.
Retinopatia Diabética
Danos aos pequenos vasos sanguíneos da retina podem levar à perda parcial ou completa da visão.
Nefropatia Diabética
Danos aos rins podem resultar em insuficiência renal crônica, exigindo diálise ou transplante.
Neuropatia Diabética
O dano aos nervos periféricos pode causar dor intensa, formigamento, perda de sensibilidade (aumentando o risco de lesões não percebidas) e problemas digestivos.
Úlceras nos Pés e Amputações
Problemas circulatórios e a redução da sensibilidade nos pés podem resultar em feridas que não cicatrizam, podendo evoluir para infecções graves e, em alguns casos, necessidade de amputação.
Infecções Repetidas
Altos níveis de glicose no sangue comprometem o sistema imunológico, tornando os pacientes mais vulneráveis a infecções bacterianas e fúngicas, especialmente na pele e nas mucosas.
Diabetes e Saúde Mental
O diabetes também afeta a saúde mental. O estresse da gestão diária, o medo de complicações e os sintomas físicos podem levar a ansiedade e depressão. Um estudo da Diabetes Care (https://care.diabetesjournals.org/content/43/Supplement_1/S89) mostra que diabéticos têm 20% mais risco de depressão. A fadiga crônica e a neuropatia agravam o quadro emocional, exigindo suporte psicológico.
Impactos Socioeconômicos
O diabetes gera custos bilionários. A International Diabetes Federation estima gastos globais de 966 bilhões de dólares em 2025. No Brasil, o SUS investe pesadamente em complicações evitáveis, enquanto comunidades pobres sofrem com acesso limitado a cuidados e alimentos saudáveis, aumentando disparidades.
Tratamentos Disponíveis
O tratamento do diabetes varia de acordo com o tipo e gravidade:
- Diabetes Tipo 1:
- Administração de insulina por meio de injeções ou bombas de insulina.
- Monitoramento constante dos níveis de glicose no sangue.
- Dieta balanceada e prática de exercícios.
- Diabetes Tipo 2:
- Mudanças no estilo de vida: dieta saudável, perda de peso e aumento da atividade física.
- Medicamentos orais como metformina.
- Insulina em casos mais graves.
- Diabetes Gestacional: Controle da dieta, monitoramento da glicemia e, em alguns casos, insulina.
Inovações no Tratamento do Diabetes

- Pâncreas Artificial: Dispositivos que monitoram a glicose em tempo real e administram insulina automaticamente têm mostrado resultados promissores para pacientes com diabetes tipo 1.
- Terapia Gênica: Estudos avançam na utilização de terapias gênicas para regenerar células beta ou modular o sistema imunológico.
- Medicamentos Inovadores: Drogas como os inibidores de SGLT2 e agonistas de GLP-1 estão revolucionando o tratamento do diabetes tipo 2, oferecendo benefícios adicionais como perda de peso e proteção cardiovascular.
- Transplante de Células Beta: Ensaios clínicos exploram a viabilidade do transplante de células produtoras de insulina para curar o diabetes tipo 1.
Prevenção do Diabetes Tipo 2
Embora o tipo 1 não possa ser prevenido, há medidas eficazes para reduzir o risco do diabetes tipo 2:
- Manter um peso corporal saudável;
- Adotar uma alimentação equilibrada, rica em vegetais, grãos integrais e fontes magras de proteína;
- Praticar atividades físicas regularmente;
- Evitar o consumo excessivo de açúcares e alimentos processados;
- Monitorar regularmente a saúde, especialmente para pessoas com histórico familiar;
Estudos Relevantes
- Um estudo publicado no New England Journal of Medicine demonstrou que mudanças no estilo de vida, como perda de peso e aumento da atividade física, podem reduzir o risco de desenvolver diabetes tipo 2 em até 58%.
- Pesquisa no Lancet Diabetes & Endocrinology destacou a eficácia dos inibidores de SGLT2 na redução de complicações cardiovasculares em pacientes com diabetes tipo 2.
Leia também: Como Ter Hábitos Alimentares Saudáveis: Um Guia Completo
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